João Cândido, o destaque do enredo da escola de samba Paraíso do Tuiuti, é reconhecido como herói em uma cidade do Rio Grande do Sul.
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João Cândido, o destaque do enredo da escola de samba Paraíso do Tuiuti, é reconhecido como herói em uma cidade do Rio Grande do Sul.
A trajetória do “Almirante Negro”, como foi apelidado, é motivo de orgulho no município de Encruzilhada do Sul, onde uma avenida é dedicada a ele e um busto foi erguido em sua homenagem. João Cândido, conhecido como Almirante Negro, lutou bravamente contra a violência e os castigos físicos aplicados aos marinheiros, que em sua maioria eram negros.
Nascido em 1880, filho de ex-escravizados, João Cândido ingressou na Marinha e destacou-se como líder na luta pela abolição dos castigos físicos. Durante a Revolta da Chibata, ele e outros marinheiros se rebelaram e apontaram os canhões para o Rio de Janeiro, exigindo o fim dos castigos e a anistia para os revoltosos. Apesar da vitória nessa batalha, Cândido foi expulso da Marinha e preso.
O Almirante Negro faleceu em 1969, aos 89 anos, no Rio de Janeiro. Ele passou seus últimos anos em São João do Meriti, onde ainda mora seu único filho vivo, Adalberto do Nascimento Cândido, que o descreve como um herói do povo gaúcho. Paraíso do Tuiuti, uma escola de samba, escolheu o Almirante Negro como tema de seu desfile para 2024, buscando reconhecê-lo como um herói brasileiro.
A importância da figura de João Cândido é ressaltada por pesquisadores, como Antônio Bica, autor do livro “João Cândido – O herói negro de Encruzilhada do Sul”. Bica defende que o Almirante Negro deveria ser estudado nas escolas e universidades, pois sua coragem e luta foram excepcionais para a época.
O enredo da Tuiuti busca contar a história de João Cândido através de um samba emocionante, que expressa a luta pela liberdade e o fim da escravidão. A letra destaca o sofrimento dos marinheiros negros, as marcas das chibatadas em seus corpos e a traição do governo após a conquista da anistia.
O reconhecimento de João Cândido como herói brasileiro é um passo importante para valorizar a história dos negros no país e honrar aqueles que lutaram pela liberdade e igualdade. Sua coragem e perseverança devem ser lembradas e celebradas, para que sua luta não seja esquecida.
A dor do passado que assola antigas embarcações, um cativeiro recém-descoberto, uma triste conclusão, mas que traz homenagens merecidas aos corajosos pescadores, flores ofertadas à Yemanjá e um cais que testemunhou lutas ancestrais. E, acima de tudo, uma homenagem ao Almirante Negro que, através de um maravilhoso samba enredo, se torna imortal.