A poderosa terapia do desenho como uma forma de desintoxicação digital.
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A poderosa terapia do desenho como uma forma de desintoxicação digital.
Arqueólogos descobriram o desenho mais antigo feito por seres humanos na caverna Blombos, na África do Sul, datado de aproximadamente 73 mil anos atrás. O desenho foi feito por uma mão humana usando um lápis de cor ocre e foi feito em uma lasca de pedra silcrete.
O ato de desenhar é considerado a forma mais antiga de expressão e criatividade. Segundo Julia Balchin, diretora da Escola Real de Desenho em Londres, desenhar é frequentemente a nossa primeira forma de expressão, mesmo antes de aprendermos a falar, ler ou andar.
O desenho sempre teve um papel fundamental para os artistas ao longo da história, desde o Renascimento até os dias atuais. Grandes artistas, como Leonardo da Vinci, usaram o desenho para criar estudos detalhados do corpo humano.
Nos últimos anos, tem havido um aumento na procura por aulas de desenho, especialmente na Escola Real de Desenho em Londres. Embora o desenho tenha enfrentado momentos de popularidade altos e baixos ao longo dos séculos, a prática tem tido um ressurgimento, especialmente durante a pandemia de covid-19.
Durante os lockdowns, as pessoas buscaram atividades terapêuticas que promovessem um senso de fluxo e bem-estar mental. O desenho se tornou uma escolha popular, ajudando as pessoas a se conectarem com suas habilidades táteis e proporcionando um descanso do esgotamento digital.
Estudos mostram que o desenho consciente pode melhorar a saúde mental, reduzindo a ansiedade e proporcionando uma sensação de tranquilidade. Muitas pessoas encontraram no desenho uma forma de desacelerar e encontrar alívio durante períodos difíceis.
A popularidade do desenho atualmente é evidenciada pelo aumento das matrículas nas aulas online da Escola Real de Desenho, que dobraram em 2020. Mais de 3 mil alunos participam ativamente das aulas, sendo o desenho de modelos vivos um dos módulos mais procurados.
Em resumo, o desenho sempre foi uma forma de expressão e criatividade para os seres humanos ao longo da história. Atualmente, tem sido valorizado por seus benefícios terapêuticos e por oferecer uma pausa do mundo digital. O desenho consciente tem mostrado melhorar a saúde mental e proporcionar uma sensação de tranquilidade e bem-estar.
Em tempos desafiadores como o lockdown, os artistas encontraram consolo e expressão no desenho. Claire Gilman, curadora-chefe do Centro de Desenho de Nova York, observou um aumento da paixão pelo desenho durante esse período complicado e acredita que o ato de pegar um lápis ou caneta e traduzir os sentimentos para o papel tem um apelo universal.
Gilman e Roger Malbert produziram juntos o livro “Desenhar no tempo presente”, que apresenta o trabalho de 74 artistas contemporâneos. As diferentes abordagens de desenho mostradas no livro refletem o papel dessa forma de expressão em lidar com a instabilidade e os traumas sociais pessoais.
O desenho ensina as pessoas a olhar e observar o mundo de forma diferente, colocando-o em sua consciência de maneira direta. O ato de desenhar oferece um descanso das telas às quais estamos tão dependentes, e aulas de desenho de modelos vivos, em particular, exigem que o artista olhe para o mundo sem a mediação de uma tela.
A artista chinesa Zhang Yanzi acredita que a arte tem o poder de apaziguar o sofrimento psicológico. Seus delicados desenhos de máscaras chinesas e partes de flores retratam a interação misteriosa entre fenômenos mentais e físicos e as aflições da mente e do corpo.
O desenho também pode ter propriedades curativas, agindo como uma terapia suave. Assim como a meditação, o ato de desenhar permite que o artista se concentre apenas na atividade e melhore seu estado de espírito.
O artista John Hewitt encontrou sucesso postando um desenho quase todos os dias no Instagram. Suas imagens vívidas da vida diária na região dos Peninos do Sul, no norte da Inglaterra, se tornaram populares nas redes sociais e demonstram seu talento em capturar a essência de sua realidade.
O desenho pode ser uma forma de aliviar a ansiedade e alcançar pequenos sucessos, como linhas perfeitamente fluídas, padrões inesperados e ritmos harmoniosos. Através dessa forma de expressão, os artistas encontram uma maneira de meditar e se conectar com o mundo de forma direta e pessoal.
Um artigo recente aborda a prática de desenho com um caderno Moleskine e uma caneta gel Pilot 0,5 como uma forma de expressão pessoal. O autor menciona que seus desenhos de gatos pretos sempre recebem mais curtidas, pois a tinta utilizada causa um impacto visual maior nos celulares. No entanto, nem todos os desenhos são de gatos simpáticos: o autor relatou ter feito 59 desenhos de memória dos atentados terroristas em Londres em 2005, que foram posteriormente expostos em um museu. Ele também desenhou os últimos dias de sua mãe no hospital, utilizando-o como uma forma de lidar com a situação.
Ao longo do texto, é abordada a relação entre arte e saúde mental, com o autor mencionando que a prática do desenho durante noites de lua cheia traz um prazer imediato, pois não há pressão em produzir desenhos “bons”. Os desenhos do autor, que capturam momentos espontâneos à luz da lua, são descritos como uma forma de recompensa pela surpresa que proporcionam.
O texto também menciona o caso do artista britânico Charlie Mackesy, que começou a desenhar intensivamente após a morte de seu melhor amigo em um acidente de carro. Segundo ele, o desenho foi uma forma de lidar com o trauma e processar suas emoções. Seu livro de ilustrações, que apresenta comoventes desenhos e lições sobre a vida e a amizade, conquistou uma grande quantidade de admiradores.
O artigo ainda aborda o poder transformador do desenho, ressaltando a capacidade dessa atividade de colocar a pessoa em contato consigo mesma e com o mundo, além de expandir o seu alcance emocional. Por fim, é mencionado o livro “Drawing in the Present Tense”, que explora a prática do desenho e foi publicado pela editora Thames & Hudson.
O texto conclui trazendo a ideia de fazer um “detox digital”, mostrando como foi a experiência de uma família em passar uma semana sem utilizar o celular.