Estudante de Sorocaba vítima da ditadura ganha homenagem honorária da USP: “Um gesto simbólico de reparação”, afirma parente.
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Estudante de Sorocaba vítima da ditadura ganha homenagem honorária da USP: “Um gesto simbólico de reparação”, afirma parente.
Uma cerimônia de diplomação honorífica foi realizada para Alexandre Vannucchi Leme, estudante universitário morto durante a ditadura militar no Brasil. A homenagem também incluiu Ronaldo Mouth Queiroz, colega de curso assassinado na mesma época. O primo de Alexandre, Camilo Vannuchi, celebrou a conquista dos dois através das redes sociais.
A cerimônia, que ocorreu 50 anos após as mortes, foi vista como uma forma de reparação para as famílias. Alexandre, conhecido como “Minhoca”, era o filho mais velho de seis irmãos e seria o primeiro a obter um diploma universitário. A entrega do diploma honorífico de geólogo foi vista como um símbolo de luta pela liberdade.
O projeto “Diplomação da Resistência” foi criado pela Pró Reitoria de Inclusão e Pertencimento em conjunto com o mandato da vereadora Luna Zarattini, de São Paulo. A iniciativa foi aprovada pela USP e anunciada por Camilo Vannuchi nas redes sociais. A ideia foi inspirada pela entrega honorária de diplomas realizada pela PUC de São Paulo para vítimas da ditadura militar.
A entrega do diploma honorífico, embora não seja oficial do MEC, é vista como importante pelos familiares das vítimas. A universidade PUC-SP já realizou um processo similar em 2017, entregando diplomas simbólicos para pessoas mortas durante a repressão. Cerca de 36 estudantes da USP devem receber a diplomação honorífica no próximo ano.
Alexandre Vannucchi Leme foi assassinado nas dependências do DOI-Codi em São Paulo. Torturado junto com outros presos políticos, ele morreu em decorrência das agressões. Sua morte simboliza a luta pela liberdade durante o período da ditadura militar no Brasil.
A separação abrupta e sem despedida causou uma dor e tristeza duradoura. Após dez anos de insistência da família, os restos mortais de Alexandre Vannuchi Leme foram finalmente identificados como indigente no cemitério de Perus.
A identificação só foi possível graças ao molde dentário guardado por Alexandre após um tratamento realizado dois meses antes de seu assassinato. Foram necessários mais alguns anos para que as cinzas fossem entregues à família.
A lápide da família Vannucchi, assim como outras, foi alvo de vandalismo e traz a inscrição “Assassinado pelo regime militar, à espera do tempo da Justiça”. Ela está localizada no cemitério da Saudade.
Somente em 2013, após 40 anos da morte de Alexandre, o atestado de óbito foi emitido, revelando que a causa da morte foram lesões causadas por tortura.
Abaixo, você pode assistir às reportagens da TV TEM sobre o assunto.